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Projeções do PIB guiam ajustes em fundos multimercado

Projeções do PIB guiam ajustes em fundos multimercado

25/04/2025 - 21:25
Matheus Moraes
Projeções do PIB guiam ajustes em fundos multimercado

O recente ciclo de revisão das projeções do Produto Interno Bruto brasileiro para 2025 tem desencadeado uma série de movimentações estratégicas nos fundos multimercado. Gestores de investimentos, atentos aos impactos macroeconômicos, estão reposicionando carteiras para aproveitar as oportunidades e mitigar riscos.

Entre as instituições que revisaram para cima suas estimativas de crescimento, destacam-se o Banco Central, o Ministério da Fazenda e importantes bancos internacionais. Essas revisões de cenário econômico servem como base para novos posicionamentos em juros, câmbio e renda variável.

Projeções atualizadas do PIB brasileiro

Nas últimas semanas, o mercado ajustou para cima as expectativas de expansão da economia. O relatório Focus do Banco Central elevou a projeção de 2,02% para 2,14% em 2025, mantendo 1,70% para 2026. O Ministério da Fazenda seguiu tendência semelhante, fixando 2,4% para 2025 e confirmando 2,5% para o ano seguinte.

O JP Morgan, por sua vez, aumentou sua estimativa de 2025 de 1,9% para 2,3%, atribuindo o ajuste à melhora no cenário externo graças ao acordo tarifário entre EUA e China e à expansão do agronegócio. Já o Boletim Focus alternativo subiu sua projeção de 2,13% para 2,18% para 2025 e de 1,80% para 1,81% para 2026.

Além do PIB, demais indicadores macro foram realinhados. A inflação (IPCA) segue em 5,50% para 2025 e 4,50% para 2026, com o JP Morgan acrescentando leve alta para 3,6% no segundo ano. A Selic deve fechar 2025 em 14,75% e recuar para 12,50% em 2026. Já o dólar projeta R$ 5,80 ao fim de 2025 e R$ 5,90 em 2026.

Ajustes estratégicos nos fundos multimercado

Com base nesse novo ciclo de crescimento econômico, os gestores alavancaram posições em juros reais, aumentando essas apostas em 13 pontos percentuais. As expectativas de inflação globalizada motivaram um acréscimo de 12 pontos percentuais em títulos de países do G10.

O mercado de câmbio também foi foco de realocação. Houve otimismo em relação ao dólar, com 83% dos gestores posicionados na moeda. Já o real atraiu apostas negativas, com 67% apostando em desvalorização.

  • Juros reais: incremento de 13p.p.
  • Juros G10: aumento de 12p.p.
  • Câmbio: 83% comprados em dólar, 67% vendidos em real.
  • Renda variável Brasil: posição comprada subiu para 33%.

Ações americanas também tiveram protagonismo, com 60% dos fundos multimercado comprados em ativos dos EUA. Apesar do aumento em renda variável no Brasil, a posição neutra ainda predomina, representando 47% do universo consultado.

Performance e percepção do setor em 2025

Abril de 2025 marcou um recorde histórico para a classe multimercado, com alta superior a 3% no índice que mede o desempenho do setor. O destaque ficou para as estratégias macro, que ganharam tração com as revisões do PIB e ajustes feitos em juros e câmbio.

Esse desempenho oscilante, porém, alimenta a expectativa de que 2025 seja considerado o “ano da virada”: a saída da fase em que a classe obteve retorno inferior ao CDI e a superação do benchmark nos últimos seis meses reforçam a capacidade de adaptação das carteiras.

Desafios e oportunidades para gestores

Num cenário de ambiente global de juros elevados e inflação resiliente, a diversificação efetiva torna-se mais complexa. A alta correlação entre ativos limita ganhos de portfólio e exige decisões mais criteriosas.

Entre os principais dilemas enfrentados pelos gestores, destacam-se:

  • Flexibilidade tática para mudanças rápidas.
  • Análise estrutural dos ciclos econômicos.
  • Equilíbrio entre setor agrícola, serviços e comércio exterior.
  • Integração de política monetária local e internacional.

Para aproveitar as oportunidades, recomenda-se foco em gestão ativa e vigilância constante. Antecipar movimentos de mercado e ajustar posições de forma proativa pode significar diferenças relevantes no retorno final das carteiras.

Além disso, a interação entre fatores internos — como produção agrícola e serviços — e externos — como a relação EUA-China — reforça a necessidade de uma abordagem holística. Gestores que conseguirem navegar por esse cenário de incertezas e volatilidade terão maior probabilidade de extrair valor para seus investidores.

Em suma, as projeções elevadas do PIB para 2025 acionaram um movimento coordenado dentro dos fundos multimercado. Dos juros reais ao câmbio, passando pela renda variável, cada estratégia reflete a busca por equilíbrio entre risco e retorno. Num momento de grandes transformações, a flexibilidade e o olhar atento às tendências macro se tornam peças-chave para o sucesso das carteiras.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes