Nos últimos anos, a logística brasileira passou por uma transformação sem precedentes. O impacto do e-commerce tem sido o principal motor dessa mudança, impulsionando investimentos, inovações e redefinindo paradigmas de eficiência.
Em 2024, o faturamento do setor alcançou R$ 204,3 bilhões, um avanço de 10,5% em relação ao ano anterior. As projeções para 2025 indicam um novo salto, com expectativa de crescimento de 16% e receita estimada em R$ 240 bilhões.
Durante a Semana do Consumidor de 2025, mais de 61 milhões de produtos vendidos geraram R$ 8,3 bilhões em apenas sete dias, refletindo o apetite crescente dos consumidores digitais.
A oferta anual de galpões logísticos no país mais que dobrou nos últimos cinco anos, saltando de 1 milhão m² pré-pandemia para 2,9 milhões m² previstos em 2025, ao lado dos 34,4 milhões m² já disponíveis.
Com uma taxa de vacância de apenas 7,9%, o menor nível histórico, a ocupação dos galpões demonstra as taxas mais baixas de vacância histórica e confirma a escassez de espaços para atender a demanda crescente. São Paulo concentra 51% dos condomínios logísticos no país, consolidando-se como hub principal para grandes operações.
O mercado de marketplaces domina mais de 70% das vendas online no Brasil, reforçando a necessidade de crescimento de marketplaces como principais canais e de estreitas colaborações entre varejistas e plataformas digitais para otimizar processos logísticos.
O fortalecimento do comércio eletrônico levou à digitalização acelerada de processos e à busca por soluções que garantam agilidade em todas as etapas da entrega. O perfil do consumidor mudou: passou a valorizar a rapidez e a transparência em cada etapa da compra.
O omnicanal tornou-se um requisito fundamental, pois o cliente deseja uma experiência fluida entre o online e o off-line, exigindo integração de sistemas, estoques compartilhados e visibilidade total do pedido.
A adoção de pagamentos instantâneos via PIX e carteiras digitais reduziu o tempo de confirmação de transações, permitindo repasse imediato de informações aos centros de distribuição.
O social commerce, ainda em estágio inicial, já exige adaptações para atender pedidos originados em redes sociais, criando novos desafios de integração entre plataformas de marketing e operadores logísticos.
Entre as principais tendências, destacam-se:
Essas iniciativas refletem o esforço para atender a entregas cada vez mais rápidas e a demanda por exclusividade, sobretudo em datas promocionais e eventos sazonais.
Grandes fundos e players do mercado têm direcionado recursos vultosos ao setor. Recentemente, foi anunciado um fundo de R$ 1 bilhão para desenvolvimento de um complexo logístico em Cajamar, em São Paulo.
O setor imobiliário logístico registra recorde de aportes. Além do fundo da BTG Asset, investidores estrangeiros têm demonstrado interesse em ativos brasileiros, atraídos pela estabilidade e perspectivas de retorno. O mercado de Real Estate Logistics (REITs) ganha força, embora ainda seja tímido em comparação a mercados internacionais.
Os retrofits de galpões antigos são alternativa ágil para suprir a demanda imediata. Projetos de modernização incluem instalação de painéis solares, sistemas de captação de água da chuva e automação de pátios, refletindo a busca por mais sustentabilidade e eficiência operacional.
A expansão de condomínios e a instalação de data centers dentro de polos logísticos permitem suporte avançado a processos de marketplace e roteirização em tempo real, reduzindo latência e aumentando a confiabilidade.
Parcerias com startups e provedores de tecnologia favorecem a experimentação de soluções inovadoras, como sistemas de gerenciamento de frotas em nuvem e plataformas de análise preditiva, tornando a operação mais enxuta.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta obstáculos que podem frear o ritmo de crescimento. Custos elevados de construção, juros altos e barreiras regulatórias impactam o planejamento de novos projetos.
As incertezas políticas e econômicas, como possíveis reformas tributárias e variações cambiais, podem afetar o custo de importação de equipamentos e a competitividade do setor.
A pressão por sustentabilidade envolve exigências de grandes varejistas por relatórios de emissões e conformidade com padrões internacionais. Isso gera investimentos em frotas elétricas e políticas de compensação de carbono.
Os principais desafios incluem:
Superar essas questões será fundamental para consolidar a logística como ativo estratégico determinante e garantir a resiliência do setor.
Hoje, a eficiência logística tornou-se um diferencial competitivo. Oferecer entregas no mesmo dia, rastreamento em tempo real e múltiplos pontos de retirada fortalece a relação entre marca e consumidor.
O uso de realidade aumentada e chatbots no suporte ao cliente está em teste para oferecer assistência proativa e detalhada sobre o status do pedido.
Além disso, soluções de inteligência artificial na roteirização de veículos e na previsão de estoques reduzem custos e minimizam erros, garantindo maior assertividade nos níveis de serviço.
O potencial de exportação de commodities agrícolas e produtos manufaturados depende da integração entre modais rodoviário, ferroviário e portuário. A melhoria de estradas e a expansão de ferrovias são cruciais para elevar a competitividade internacional.
Com base nesse contexto, o investimento contínuo em inovação, infraestrutura e parcerias será determinante para acompanhar o ritmo acelerado do mercado digital e suportar o desenvolvimento econômico do país.
Referências