Em um cenário econômico marcado por incertezas e desafios, os Fundos de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra) surgem como alternativa relevante para quem busca diversificar o portfólio. Com perspectivas tanto para investidores institucionais quanto para pessoas físicas, esses fundos podem oferecer retornos atrativos, benefícios fiscais e exposição a projetos de longo prazo que impulsionam o desenvolvimento nacional.
No Brasil, o ano de 2024 consolidou o protagonismo do setor privado na infraestrutura, com um recorde histórico de emissão de debêntures incentivadas. À medida que avançamos para 2025, cresce a expectativa de novos aportes e liquidez, ainda que o ambiente de juros elevados imponha desafios que exigem estratégias sólidas e visão de longo prazo.
Os FI-Infra são fundos de investimento que destinam seus recursos exclusivamente a projetos de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento e energia. Ao reunir capitais de diversos investidores, esses fundos participam da emissão de debêntures incentivadas, ações ou participações societárias, atraindo aportes pelo tripé de investimentos em infraestrutura no Brasil, rentabilidade e segurança.
Um dos pilares desse segmento é a captação por meio de debêntures incentivadas, títulos de dívida com incentivo fiscal, que em 2024 alcançaram R$ 138 bilhões em emissões e movimentaram R$ 254 bilhões no mercado secundário. Além disso, os FI-Infra negociados em Bolsa garantem liquidez e isenção de imposto de renda na venda de cotas e nos dividendos, ampliando o acesso de pessoas físicas a ativos antes restritos a grandes institucionais.
Para investir, o investidor pode optar por fundos abertos, que permitem resgate regular, ou por fundos fechados, com prazo de carência e foco em projetos específicos. Cada estrutura possui características próprias de risco e retorno, demandando análise cuidadosa do regulamento e da equipe de gestão responsável.
O principal atrativo dos FI-Infra é a diversificação. Como o setor de infraestrutura não segue a mesma dinâmica de mercado que ações ou títulos corporativos, incorporar esses fundos à carteira reduz riscos sistêmicos. O resultado são carteiras menos correlacionadas e mais resilientes, com fluxo de caixa previsível e prazos de investimento alinhados a horizontes de longo prazo.
Além disso, esses fundos podem apresentar rentabilidade acima dos títulos públicos atrelados à inflação. Entre 2021 e 2024, o retorno médio dos FI-Infra ficou 2,41 pontos percentuais acima de NTN-Bs e Tesouro IPCA, beneficiado pelo prêmio de crédito e diferenças de prazo. As diferenças entre estruturas de garantias, ratings e segmentos setoriais ainda permitem explorar distintos perfis de risco.
A trajetória das debêntures incentivadas reflete a maturidade do mercado. Em 2016, apenas R$ 5 bilhões haviam sido captados; oito anos depois, em 2024, esse número salta para R$ 96 bilhões. Esse movimento demonstra a confiança de empresas e investidores na expansão do setor privado como motor de crescimento.
crescimento do mercado de debêntures incentivadas acelerou após a aprovação de legislações específicas, como a Lei 14.801, que fortaleceu incentivos fiscais para emissoras e isenção tributária para fundos de pensão. O mercado secundário também ganhou profundidade, permitindo maior liquidez e visibilidade de preços.
Hoje, os FI-Infra fechados reúnem R$ 13,7 bilhões sob gestão, com projetos de diferentes portes e maturidades. Esse movimento amplia o leque de alternativas para investidores com perfil mais arrojado, dispostos a aguardar o prazo de vencimento dos ativos para capturar ganhos adicionais.
Os setores prioritários transportes saneamento e energia são os maiores alvos dos aportes. Em 2025, o Brasil deve destinar R$ 278 bilhões a infraestrutura, mas ainda está abaixo dos 4% do PIB recomendados pela CNI para atender ao déficit logístico e destravar a economia.
O setor de transportes lidera, com investimentos voltados a rodovias, ferrovias e portos, fundamentais para reduzir gargalos logísticos. O saneamento ganha força diante de metas de universalização e eficiência, enquanto a energia elétrica se expande com projetos de fontes renováveis e transmissoras.
Para investidores, compreender o ciclo de capex de cada setor e a estrutura de garantias dos projetos é essencial para avaliar prazos de retorno e volatilidade, principalmente em ambientes de juros elevados.
Ao canalizar recursos para obras e serviços de infraestrutura, os FI-Infra atendem suprir o déficit logístico e destravar o crescimento do país, geram empregos e aumentam a competitividade das empresas brasileiras. O efeito multiplicador dessas iniciativas se reflete em ganhos de produtividade e eficiência no transporte de bens.
Apesar do investimento total previsto equivaler a 2,21% do PIB em 2025, o avanço de projetos – especialmente com o apoio de parcerias público-privadas e financiamentos internacionais – pode elevar esse patamar, reduzindo custos operacionais e garantindo retorno de longo prazo.
O principal desafio para os FI-Infra será o custo da dívida: juros elevados encarecem novas emissões e podem pressionar margens de projetos em estruturação. Em paralelo, oscilações políticas e regulatórias influenciam o apetite de investidores e a velocidade de concessões.
Por outro lado, a cotação descontada em relação ao valor patrimonial torna algumas cotas atraentes para quem busca oportunidades de valorização, uma vez que a curva de juros tende a se estabilizar ao longo do ano.
Com mais de 110 leilões projetados para 2025, incluindo rodovias, ferrovias e sistemas de saneamento, a demanda por funding deve se manter robusta, estimulando novos fundos e aumentando a competição por projetos de qualidade.
Para pessoas físicas, investir em FI-Infra listados na bolsa é uma forma de diversificar além dos títulos públicos e renda variável, com liquidez diária e isenção de IR sobre dividendos. Já os institucionais, como fundos de pensão, podem usar as debêntures incentivadas para melhorar a relação risco-retorno de suas carteiras.
Combinar FI-Infra com outras classes de ativos permite balancear volatilidade e potencializar rendimentos, criando uma carteira robusta para enfrentar ciclos econômicos variados.
A Lei 14.801, aprovada em 2024, trouxe importantes avanços regulatórios e tributários, como benefício fiscal para emissores de debêntures e isenção de imposto de renda para fundos de pensão que investem em infraestrutura.
Essa evolução normativa amplia o interesse do setor privado, que passa a assumir maior protagonismo em projetos de larga escala, aproveitando mecanismos de financiamento estruturado e cofinanciamento com o BNDES e bancos comerciais.
Com a perspectiva de novas medidas de desburocratização e incentivos, espera-se que o mercado atraia mais investidores estrangeiros e nacionais, ávidos por projetos robustos e estáveis, contribuindo para a retomada sustentável do crescimento.
Os fundos de infraestrutura oferecem uma avenida de crescimento e diversificação para qualquer carteira de investimentos. Com benefícios fiscais, fluxo de caixa previsível e potencial de valorização, eles se consolidam como peça-chave na estratégia de longo prazo.
Ao adotar FI-Infra, você não apenas busca retornos atrativos, mas também participa diretamente do desenvolvimento econômico do Brasil, financiando obras que transformam a realidade de milhões de pessoas.
Este é oportunidade única de diversificação de portfólio em um momento de ajustes econômicos e de reestruturação do setor privado. Avalie as opções disponíveis, entenda os riscos e prepare-se para colher resultados consistentes e de impacto social positivo nos próximos anos.
Referências