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Evite assumir novos empréstimos para pagar dívidas antigas

Evite assumir novos empréstimos para pagar dívidas antigas

23/04/2025 - 08:40
Marcos Vinicius
Evite assumir novos empréstimos para pagar dívidas antigas

Enfrentar dívidas acumuladas pode gerar uma sensação de desespero e urgência, levando muitas pessoas a buscarem soluções imediatistas e de curto prazo. No entanto, recorrer a novos empréstimos para quitar débitos antigos frequentemente resulta em um ciclo vicioso de endividamento, prejudicando ainda mais a saúde financeira.

Com mais de 70% dos brasileiros endividados, essa prática tem se tornado comum, mas perigosíssima. É fundamental compreender o cenário atual, identificar os riscos envolvidos e conhecer alternativas eficazes antes de tomar qualquer decisão de crédito.

O cenário do endividamento no Brasil hoje

Segundo dados recentes, mais de 70% dos brasileiros estão endividados, o que levou muitos consumidores a recorrerem a modalidades de crédito com taxas altíssimas, como o cheque especial e o rotativo do cartão. Essas opções, embora de fácil acesso, podem gerar um efeito bola de neve que torna o valor da dívida quase inalcançável.

Além disso, o lançamento de novos produtos financeiros, como o crédito consignado para o setor privado, promete redução de juros, mas carrega riscos estruturais que exigem cautela. Sem um planejamento adequado, o alívio momentâneo pode se transformar em um novo problema.

O ciclo vicioso do novo empréstimo: entenda os riscos

Tomar um empréstimo para quitar outro pode parecer uma estratégia inteligente, mas envolve armadilhas sérias. Nesse contexto, é comum observar:

  • Endividamento cíclico ou superendividamento, em que a dívida apenas muda de forma, sem diminuir;
  • Custo total maior devido ao acúmulo de juros e tarifas embutidas;
  • Comprometimento de renda elevado, comprometendo o orçamento mensal;
  • Uso de garantias sensíveis, podendo perder recursos importantes, como FGTS;
  • Risco jurídico e patrimonial, especialmente para empresas, em caso de garantias mal estruturadas.

Esses fatores podem agravar a situação, tornando a quitação de dívidas um verdadeiro pesadelo para quem já enfrenta dificuldades financeiras.

Quando a consolidação de dívidas é (ou não) recomendada

A consolidação de dívidas consiste em substituir várias obrigações por uma única, com prazo e juros diferentes. Essa estratégia só é válida quando traz condições mais favoráveis e permite controle real das finanças.

Vantagens:

  • Juros potencialmente menores em relação ao rotativo do cartão;
  • Facilidade de gestão, concentrando todos os pagamentos em uma única parcela;
  • Possibilidade de recuperação gradual do score de crédito, desde que honradas as novas obrigações.

Limitações:

  • Prazo alongado pode elevar o custo total da dívida;
  • Sem disciplina, a consolidação pode servir como gatilho para novas dívidas;
  • Nem sempre há oferta de taxa realmente competitiva.

O que considerar antes de optar por um novo empréstimo?

Avaliar alternativas e planejar cuidadosamente são passos fundamentais. Antes de assinar qualquer contrato, considere:

  • Tentar uma negociação direta com o credor para obter descontos ou condições especiais;
  • Realizar um diagnóstico rigoroso do seu orçamento, entendendo sua real capacidade de pagamento;
  • Buscar orientação em educação financeira, seja com profissionais ou materiais confiáveis;
  • Evitar usar FGTS e verbas rescisórias como garantia, preservando esses recursos para emergências.

O papel da negociação e da educação financeira

A negociação de dívidas pode oferecer descontos expressivos e prazos menores, reduzindo o montante final a pagar. Paralelamente, a educação financeira é essencial para romper o ciclo de consumo impulsivo e endividamento.

Organizar planilhas, definir metas de redução de gastos e criar um fundo de emergência são práticas que fortalecem a saúde financeira e impedem que novas dívidas se tornem inevitáveis.

Posicionamento de especialistas sobre crédito fácil e riscos atuais

Para a economista Ione Amorim (IDEC), o acesso a crédito deve ser acompanhado de informação clara e transparente para evitar abusos. Carlos Batalha alerta que as instituições financeiras muitas vezes escondem custos em tarifas e juros, levando o consumidor a um ciclo de superendividamento.

O advogado Kelton Aguiar ressalta o risco jurídico para quem utiliza garantias trabalhistas, e o SPC Brasil enfatiza a importância de analisar o custo efetivo total (CET) antes de contratar qualquer produto financeiro.

Em vez de buscar alívio imediato via novos empréstimos, é crucial adotar soluções estruturais: negociar, planejar e reorganizar hábitos de consumo. Somente assim será possível romper o ciclo de dívidas e conquistar uma trajetória financeira saudável e sustentável.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius