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Commodities agrícolas mantêm protagonismo nas exportações

Commodities agrícolas mantêm protagonismo nas exportações

20/05/2025 - 17:16
Matheus Moraes
Commodities agrícolas mantêm protagonismo nas exportações

Em um cenário global cada vez mais competitivo, o agronegócio brasileiro reafirma seu papel decisivo na economia do país. Os dados recentes evidenciam recordes históricos e desafios que moldam o futuro desse setor estratégico.

Este artigo explora os principais números, mercados de destino, inovações e perspectivas, oferecendo uma visão abrangente para profissionais, investidores e entusiastas do tema.

O Brasil como potência exportadora global

Nos últimos anos, o Brasil consolidou-se como maior exportador mundial de commodities agropecuárias, superando tradições como os Estados Unidos. Em 2024, as vendas externas do setor atingiram US$ 137,7 bilhões, cifra equivalente a um avanço de US$ 14,4 bilhões em relação aos concorrentes diretos.

Esse desempenho foi impulsionado por safras recordes e variações nos mercados internacionais, notadamente em função da guerra comercial entre EUA e China. A escassez de oferta norte-americana levou a China a intensificar compras do Brasil, elevando nossa presença no mercado asiático.

Principais produtos e números de destaque

O agronegócio brasileiro apresenta um mix diversificado de produtos cuja relevância econômica se confirma em volumes e valores exportados. Entre março e maio de 2025, destacaram-se:

  • Soja em grãos: US$ 5,7 bilhões em março, alta de 7%.
  • Café verde: expansão de 92,7%, atingindo US$ 1,4 bilhão.
  • Carne bovina in natura: crescimento de 40,1%, totalizando US$ 1,1 bilhão.
  • Celulose: US$ 988 milhões, acréscimo de 25,4%.
  • Carne de frango in natura: US$ 772,3 milhões, alta de 9,6%.

No acumulado do primeiro bimestre de 2025, os seis setores de maior destaque representaram 79,2% das exportações do setor, conforme mostra a tabela a seguir.

Destinos e diversificação de mercados

A China permanece como principal compradora, respondendo por mais de metade das vendas externas de commodities brasileiras. Só em soja, o país asiático absorveu US$ 2,3 bilhões (77,8% das exportações do produto no período).

Além disso, a União Europeia e países do Sudeste Asiático e Oriente Médio ganham relevância crescente, impulsionados por acordos comerciais e demanda por insumos sustentáveis.

  • China: maior comprador em soja, carnes e café.
  • União Europeia: foco em celulose e carnes processadas.
  • Sudeste Asiático e Oriente Médio: mercados emergentes para café e açúcar.

Fatores de crescimento e inovação

O Brasil elevou suas exportações graças ao ganho de produtividade por hectare e à adoção de inovações em ciência e tecnologia. Ferramentas de agricultura de precisão e biotecnologia permitiram obter mais grãos e proteínas com menor impacto ambiental.

O investimento em pesquisa, tanto pública quanto privada, tornou possível multiplicar a produção de carne de frango em 65 vezes entre 1976 e 2018. Além disso, a incorporação de novos biomas, como o cerrado, ampliou a capacidade produtiva sem pressionar áreas de floresta nativa.

As parcerias internacionais e as missões técnicas facilitaram a troca de conhecimento, aprimorando práticas de manejo e armazenamento, essenciais para manter a qualidade exigida pelos mercados mais exigentes.

Desafios e sazonalidades do mercado

Embora o setor registre recordes, existem desafios e sazonais do mercado que merecem atenção. No início de 2025, registrou-se uma retração de 4% nos valores exportados do agronegócio devido à queda de preços da soja e do milho, tradicionalmente mais voláteis.

Essas variações sazonais exigem estratégias de hedge e contratos futuros para proteger produtores e tradings de oscilações abruptas. A diversificação de produtos e mercados também é vital para mitigar riscos.

Importância estratégica e perspectivas futuras

O agronegócio não se resume apenas aos números de exportação; ele tem impacto direto na geração de renda de milhões de brasileiros, além de gerar empregos em toda a cadeia produtiva.

Para manter o protagonismo, o setor deve focar em sustentabilidade, ampliando práticas de manejo regenerativo e reduzindo a pegada de carbono. A adoção de certificações ambientais e sociais agrega valor aos produtos e atende a um consumidor global cada vez mais consciente.

Além disso, a digitalização das cadeias de suprimentos e a rastreabilidade garantem eficiência logística, diminuem custos e fortalecem a imagem do Brasil como fornecedor confiável.

Conclusão

Com um histórico de crescimento sólido e uma base tecnológica robusta, o agronegócio brasileiro está preparado para novos desafios. A busca por mercados emergentes, aliada à sustentabilidade e à inovação, será determinante para consolidar ainda mais a posição do Brasil no comércio global.

É fundamental que produtores, investidores e tomadores de decisão trabalhem em conjunto, promovendo políticas públicas e privadas que incentivem a pesquisa, protejam o meio ambiente e elevem a qualidade dos produtos.

Assim, manteremos o Brasil na vanguarda das exportações agrícolas, garantindo desenvolvimento econômico, social e ambiental para as próximas gerações.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes